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Ragnar Lothbrok (ou Lodbrok) – Segundo a Psicologia Social de Erich Fromm




Para compreender um personagem com expressão social tão grande como a do Ragnar, justifica a escolha de um psicólogo de veia socializante. Erich Fromm é esse psicólogo social que cumpre o propósito e a partir de onde vamos analisar um pouco a estrutura da personalidade do Ragnar.

Antes, um ponto importante sobre a tese fundamental do Fromm, sobre a qual toda sua abstração psicológica repousa. Para Fromm, a condição humana mais angular e definidora que nos separa metafisicamente de qualquer outro animal é a solidão: o desamparo de se separar da natureza. E essa condição afeta e é afetada pela condição social. Dito isso, passemos a ver como a solidão e o aspecto social da personalidade de Ragnar vão se desenhando.

De nórdico lavrador em contato com a natureza a rei nômade. Ragnar vai se inserindo com argucia e se posicionando no tecido social. Faz o movimento de um homem indistinto em relação profunda com a terra à um homem singularizado e destacado socialmente. Assim, conforme mais homem, em termos da psicologia de Fromm, mais social se torna. O preço em se diferenciar assim e se individualizar é se tornar sozinho.

Para ver como esse aspecto social da personalidade do Ragnar vai se consolidando, vamos observar algumas necessidades básicas de Fromm, as quais são satisfeitas socialmente: Identidade; Transcendência e Estrutura de Orientação.

A Identidade de Ragnar é inicialmente estruturada e sólida, com um claro desenho referencial: a do lavrador nórdico. Essa identidade vai se reformando ao longo da série e passa a ser mais elusiva e até mitológica e lendária: para uns, o demônio encarnado, para outros um semideus. Contudo, apesar dessa multiplicidade, a Identidade de Ragnar mantém um núcleo inquebrável em torno do qual os adjetivos se acumulam.

A Transcendência é a necessidade de se elevar acima de si mesmo. De superar a própria imagem. Ragnar mantem dentro de si um impulso infatigável e permanente rumo ao transcendente. Sempre se reafirmando socialmente de muitas formas. Até o ultimo momento antes da sua morte, parecia que ainda havia mais um degrau para ele subir, uma última centelha a inflamar um novo e derradeiro voo. E de fato sua morte é emblemática nesse sentido. Morto por serpentes, isso poderia representar o Ouroboros (a serpente que morde a própria cauda e representa a eternidade) e a necessidade permanente de transcendência.

A Estrutura de Orientação é o esquema cognitivo para se mobilizar e perceber o mundo. De nórdico com fé ortodoxa passa, por influência de Athelstan, a herege que abandona a própria fé e que é batizado cristão em terras saxônicas. Assim, a estrutura de orientação de Ragnar se fragmenta e nunca mais se recupera. Ragnar se perde na experiencia do mundo e em como filtrar a realidade. Recorre, por último, a um refúgio que lhe serve como ancora: o ópio. Contudo, a toxicidade da droga piora seu estado e a sua estrutura de orientação, por fim, se pulveriza: Ragnar começa a mostrar sinais de esquizofrenia.

O preço, contudo, como ressaltado, é que a cada passo rumo a diferenciação social dessas necessidades Ragnar se torna mais sozinho. Mais desamparado. Mais livre. No limite, uma condição insustentável. O humano mais que humano de Ragnar perde seus alicerces e desmorona. Assim, Ragnar se torna vítima da sua própria sombra gigantesca: A sombra de um grande Homem.


Análise por Marcos Vinicius Cieri de Moura

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