Homem de Ferro - Personologia Henry Murray
- Marcos Vinicius
- 7 de nov. de 2020
- 2 min de leitura

Tony Stark, “Gênio, bilionário, playboy, filantropo”, mas também excêntrico e de trato social intragável. Esse é o personagem que vamos analisar agora a partir da Personologia de Henry Murray: uma teorização psicológica bastante individualizante, conhecida como uma teoria da motivação humana. Dos conceitos existentes da Personologia vamos usar o mais importante: o de Necessidade, suas inter-relações e dependências para compreender um pouco mais a personalidade de Tony Stark.
Antes de continuar, um breve aviso teórico: a Personologia é individualizante e não individualista ou narcísica. Ou seja, a teoria ressalta aspectos individuais, mas não os separa da interação com o meio. Além disso, embora esses últimos traços, narcisismo e individualismo, pudessem ser atribuídos a Tony Stark, eles apenas descrevem certo perfil comportamental que é na verdade secundário. Devemos, portanto, buscar pelo primário, e para isso nos serve o conceito de Necessidades.
Para investigar o que há de primário e essencial vamos começar observando alguns pontos sobre a infância de Tony. Se existe algo de traumático nesse período da vida de Tony com certeza é o abandono parental. O alcoolismo paterno se mostra aqui como uma variável fundamental e decisiva na constituição da personalidade de Tony. A rejeição afetiva paterna gerou como consequência uma constelação de Necessidades.
Dessa constelação, uma necessidade é central, ou seja, é uma Necessidade Dominante. No caso de Tony, uma dessas Necessidades Dominantes é a Autodefesa psíquica que se consolida em virtude. Nas palavras de Murray, caracteriza-se por “Evitar humilhação. Livrar-se de situações embaraçosas ou evitar condições que possam levar a menosprezo, escárnio, zombarias ou indiferença por parte dos outros”
Essa Necessidade pode ser vista de três maneiras: no intelecto, no comportamento verbal e no comportamento físico de Tony. No primeiro caso, o do intelecto, vemos como Tony nunca está aberto a falibilidade, ou seja, Tony se protege do erro e do equívoco. Sua inteligência penetrante e genial serve como sua primeira armadura e defesa psíquica.
No segundo caso, o comportamento verbal, vemos como Tony é tipicamente mordaz, feito de sarcasmos e ironias constantes. Sua fala, se revela sua segunda armadura e defesa psíquica. No terceiro caso, seu comportamento físico, vemos a Armadura propriamente dita do Homem de Ferro que se molda automaticamente ao seu corpo e representa, numa metáfora por imagens, a última defesa psíquica.
É uma tese clichê, mas por isso mesma verdadeira, que Tony, apesar das armaduras, das couraças, dessas epidermes endurecidas, possui a mesma vulnerabilidade humana de todos nós: um coração terno e amável. E essa vulnerabilidade fica em maior relevo quando colocada em contraste com suas inúmeras armaduras, como evidenciados nos últimos parágrafos.
A amabilidade de Tony, envolta por esses muros, sempre encontra meios para se manifestar no mundo e se abrir. Por exemplo, sua relação paternal com Peter Paker, o Homem-Aranha. Contudo, o ápice dessa abertura se confunde com sua própria morte no filme. Quase sem armaduras, com o rosto exposto, Tony Stark se doa por completo, não se defende mais. Sacrifica-se para salvar a Humanidade e derrotar Thanos.
Análise por Marcos Vinicius Cieri de Moura
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