Floki - Psicanálise de Freud
- Marcos Vinicius Cieri de Moura
- 25 de nov. de 2020
- 2 min de leitura

Floki é uma pessoa difusa e em busca de uma pedra angular que lhe dê sustentação. Igual a um barco a deriva e flutuante os ventos o conduzem. Floki foi, segundo a documentação oficial, o primeiro norueguês a navegar para Islândia. Floki, o construtor de navios, é, na vida real e na série, um explorador. Mais precisamente em explorador de realidades metafísicas.
Explorar realidades metafísicas é, para Freud e para psicanálise original, uma busca pelo sentimento oceânico de comunhão com o Universo. Na psicologia das religiões, esse ė um impulso fundamental. Porém, essa exploração metafísica não é isenta de riscos e pode deixar marcas na psique. No caso de Floki, conforme mais se aprofunda, mais Floki mostra sinais de psicose.
Na Psicanálise Clássica de Freud, psicose é uma cisão com a realidade social e simbólica. O Outro enquanto fronteira e limite para o EU se desfaz, e o psicótico vive como uma realidade apartada. Daí que vem os típicos delírios e alucinações tão aludidos na literatura sobre psicose.
É nesse sentido que Floki começa a criar uma realidade própria, sedutora e poderosa, tanto que na sua maturidade é um líder religioso que conduz uma expedição colonizadora, para uma terra em que viu e ouviu os deuses psicoticamente.
Em termos comparativos, enquanto Ragnar vai, aos poucos, de uma estrutura psíquica sólida para uma arruinada e fragmentada, Floki faz o caminho inverso. Ou seja, de uma confusão flutuante típico de aventureiro de metafísicas até um dogmatismo insuperável de um psicótico inveterado.
Além dessa psicose, Floki possui um patológico mecanismo de defesa para seus sentimentos. Floki ė facilmente magoado e ressentido por atitudes de Ragnar. Podemos apenas especular se é uma amizade com laços fortes ou desejos sexuais. mas o fato ė que Floki nutre por Ragnar sentimentos intensos.
Nesses momentos de mágoa e ressentimento, Floki em vez de expressar direta e verbalmente seu descontentamento, ativa seu mecanismo de defesa realizando elipses verbais e expressando fisicamente seu incômodo. Isso fica claro com os movimentos abruptos da cabeça e também com seu humor ambíguo e dúbio, nunca claro se é apenas uma piada.
Sua mágoa nunca falada propriamente tenta ser resolvida com esses mecanismos: o humor e movimentos físicos. Contudo, a tensão causada pela mágoa não encontra alívio completo nessas formas e Floki realiza outra estratégia. Floki começa a trair Ragnar, até chegar a traição última e resolutiva: matar Athelstan, rival e talvez personificação das dores de Floki.
Análise por Marcos Vinicius Cieri de Moura
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