Arthur Shelby – Psicologia Analítica do Jung
- Marcos Vinicius
- 16 de ago. de 2020
- 2 min de leitura

Para explorar a composição psicológica do primogênito dos Shelbys, escolhemos a psicologia analítica do Jung que fornece subsídios conceituais importantes para compreender as múltiplas facetas de Arthur Shelby. É importante dizer que para Jung, a personalidade é chamada de Psique e é uma totalidade tecida a partir de inúmeros elementos.
Um desses elementos é fundamentalmente importante para o cotidiano, porque é o aspecto mais saliente e exposto, que mobiliza energia para se orientar no mundo: trata-se do Ego. O Ego é como uma bussola que oferece coordenadas para navegar na realidade e tem um proposito executivo. As funções do Ego sempre são em pares e se uma parte é mais desenvolvida significa que o outro polo é atrofiado. Existem dois conjuntos: Sentimento/Pensamento; e Intuição/Sensação.
O Ego de Arthur tem como funções principais o Sentimento e a Sensação. Arthur é sentimental no sentido Junguiano porque ele processa cognitivamente a partir de julgamentos estéticos-morais. Isso faz sentido, uma vez que Arthur é como um cão de caça farejador que consegue avaliar as coisas sem pensa-las ou refleti-las. Além disso Arthur é sensitivo em termos Junguianos porque ele percebe a realidade como ela é, com riqueza de detalhes. Um estilo de Ego muito apropriado para um lutador.
Embora o Ego revele com precisão o estilo de Psique de Arthur não consegue explorar espaços mais definidores de sua personalidade. Para explorar esses aspectos é bom lembrar de um evento traumático na história de Arthur já no contexto do pós-guerra. Numa espiral ascendente de culpa, por inúmeros motivos, Arthur chega a tentar suicídio. Arthur consolida, no seu inconsciente individual, um Complexo De Culpa.
Esse Complexo de Culpa vai tentar ser solucionado de varias maneiras. A primeira, frustrada e irrealizada, foi o suicídio. Depois vem o abuso de substancias, em especial a cocaína, para anestesiar a dor. E termina, por influência salutar da sua esposa, com sua conversão ao cristianismo e a busca por redenção divina.
Contudo, sua busca por redenção religiosa serve apenas como fantasia da expiação da culpa. Arthur cria uma Persona de cristão arrependido em busca de salvação. Essa Persona é um arquétipo em resposta a sua esposa. Mas podemos observar o fracasso dessa solução na sua constante luta entre suas raízes ciganas com experiencia de guerra e sua tentativa de caminhada cristã. A dissonância é intensificada sempre que ele é requisitado a reassumir seu lugar na família como um Peaky Blinder. Ao final, sua Persona é inflada a um ponto que o Arthur começa a se perder de si mesmo.
Esse Complexo de Culpa mal resolvido pela Persona, deverá encontrar melhores caminhos se houver uma reorientação para o Arquétipo da Ressureição. Esse arquétipo é a possiblidade de renovação pessoal a partir da aceitação de si mesmo e da sua história. Arthur busca essa reconciliação com sua própria biografia, contudo, sua culpa nunca o deixa descansar de seu próprio arrependimento.
Análise por Marcos Vinicius Cieri de Moura
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